Impactos setoriais da IA: agenda emergente em cultura, educação e direitos das crianças e adolescentes

O projeto investiga os impactos da IA generativa na educação, na cultura e entre crianças e adolescentes.

Cultura e conhecimento
Duração: 2024 - em andamento
Status: Em andamento

O campo de estudos da IA está prestes a completar 70 anos, mas foi apenas com os avanços recentes em tecnologias capazes de processar grandes volumes de dados que suas aplicações ganharam popularidade – e, junto com elas, os debates sobre riscos e benefícios passaram a ocupar o centro do debate público.  

Diferentes definições têm sido discutidas sobre o termo, que ainda está longe de um consenso. A ideia central é a de que essas tecnologias são capazes de “aprender” a partir de dados, utilizando informações analisadas de modo a executar uma variedade de tarefas e alcançar objetivos de forma flexível, além de adaptar-se a mudanças com base em estímulos. Embora seja geralmente tratado como um conceito único, o termo IA é, na verdade, um guarda-chuva que abrange uma ampla gama de tecnologias e aplicações. Uma das modalidades de IA que tem se destacado nesse campo é a generativa, capaz de criar novos conteúdos com base em padrões semânticos aprendidos com dados. Entre os produtos que sistemas generativos podem gerar estão vídeos, textos, música e códigos em linguagens de programação. 

Lançado no final de 2022, o ChatGPT (OpenAI) faz parte dessa família de tecnologias, mas se popularizou rapidamente por facilitar a interação com usuários por meio de uma interface conversacional. Essas e outras ferramentas que se seguiram têm como base os grandes modelos de linguagem (LLMs, do inglês Large Language Models) – desenvolvidos com base em grandes volumes de dados e técnicas de aprendizagem profunda.

Com os conteúdos gerados por tecnologias de IA generativa se tornando, em muitos casos, indistinguíveis das produções humanas, surgem diversas questões éticas e tensões socioculturais – especialmente em áreas como a cultura, a educação e o universo de crianças e adolescentes, que são o foco deste estudo. 

No campo cultural, embora as tecnologias de IA possam ser vistas como recursos que facilitam novas formas de expressão, sua lógica de funcionamento – baseada na coleta e raspagem de dados – levanta questões centrais: de onde vêm as informações? Como estas influenciam os resultados gerados? E como definir a autoria dos conteúdos produzidos? 

Na educação e no universo de crianças e adolescentes, a ascensão da IA generativa também tem provocado transformações profundas, cujos impactos ainda não podem ser plenamente avaliados. De um lado, a tecnologia tem potencial para apoiar processos pedagógicos e favorecer uma aprendizagem mais inclusiva; de outro, levanta preocupações quanto à autonomia intelectual dos estudantes, à privacidade, ao uso malicioso das ferramentas, ao risco de dependência e ao enfraquecimento de habilidades cognitivas fundamentais. Esses e outros pontos de controvérsia da aplicação desta tecnologia constituem o foco do projeto.

Metodologia 

Abordagem multimétodos, que inclui levantamento e análise bibliográfica, realização de entrevistas semiestruturadas com especialistas em cada uma das três áreas de interesse e discussão dos resultados preliminares em oficinas colaborativas.

A pesquisa conta com apoio do Instituto Betty & Jacob Lafer (IBJL)