Relatório mapeia impactos da IA em cultura, educação e direitos de crianças e adolescentes
Documento do InternetLab reúne as principais questões e desafios sobre o tema nessas áreas e aponta tópicos para uma agenda futura de pesquisa e ação
O InternetLab lança nesta quarta-feira (21/10) o relatório “Impactos setoriais da Inteligência Artificial: agenda emergente em cultura, educação e direitos de crianças e adolescentes”, um mapeamento exploratório que analisa riscos, desafios e oportunidades do uso de tecnologias de IA nesses três campos estratégicos para a sociedade civil e para a filantropia. A pesquisa, realizada com apoio do Instituto Betty & Jacob Lafer (IBJL), reúne entrevistas com especialistas nacionais e internacionais, revisão de mais de cem documentos institucionais e oficinas colaborativas realizadas em julho de 2025.
O estudo parte de uma constatação: a IA – especialmente em sua vertente generativa – tem transformado de forma acelerada o modo como produzimos conhecimento, aprendemos e criamos cultura. Ao mesmo tempo em que oferece novas possibilidades de personalização, acessibilidade e inovação, a IA também amplia riscos relacionados à desigualdade, privacidade, desinformação e violação de direitos fundamentais, especialmente de crianças e adolescentes.
Na educação, o relatório alerta para o risco de aprofundamento das desigualdades, a falta de formação docente e o impacto da “economia da facilidade” sobre o desenvolvimento crítico e a autonomia dos estudantes. No campo dos direitos da infância e adolescência, destaca vulnerabilidades associadas à coleta e exploração de dados, à saúde mental e ao uso de tecnologias invasivas como o reconhecimento facial. Já no setor da cultura, o estudo evidencia desafios ligados à autoria, remuneração justa e homogeneização cultural, além de propor caminhos para fortalecer a produção artística brasileira e iniciativas de código aberto.
Nesse sentido, além de mapear riscos, o relatório aponta caminhos possíveis para uma governança ética e democrática da IA. Entre as recomendações estão a promoção da transparência e da explicabilidade dos sistemas, o fortalecimento de políticas públicas de proteção de dados, a atualização das regras de direito autoral e o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento de soluções locais que respeitem a diversidade cultural e linguística do Brasil.
O documento também apresenta tópicos para uma agenda de pesquisa futura, voltada à produção de evidências sobre os efeitos cognitivos, sociais e culturais do uso contínuo da IA, especialmente entre crianças e adolescentes. A proposta é contribuir para o debate público e subsidiar a formulação de políticas públicas que maximizem os benefícios coletivos das novas tecnologias sem abrir mão da proteção de direitos.
O relatório completo está disponível para download.